A obesidade é considerada atualmente um problema de saúde pública, uma vez que sua incidência vem aumentando de forma alarmante. Há 20 anos, calculava-se que 20% da população brasileira era obesa, enquanto que estudos recentes mostram que esse número está chegando aos 40%. Nos Estados Unidos, a estatística é de que 1 em 2 americanos está acima do peso.
A situação é preocupante, pois os quilos a mais estão entre os principais fatores de doenças mortais, sobretudo cardiovasculares, como infarto, acidentes vasculares cerebrais, diabetes, hipertensão, colesterol elevado. Sem contar com os problemas psicológicos, ortopédicos (como hérnia de disco), e orgânicos (como pedras nos rins e vesícula). Até mesmo alguns tipos de câncer estão associados à obesidade. O de cólon, por exemplo, é mais frequente em obesos.
Existem 2 tipos de obesos:
- – Andróide (em forma de maçã), que acumula maior quantidade de gordura no tronco, e possui braços e pernas mais finos. Estes estão mais sujeitos a coronariopatias, como infarto e arteriosclerose.
- – Ginecóide (em forma de pera), que caracteriza indivíduos com quadris largos, forma mais comum em mulheres e na população masculina negra.
A partir dos dados hoje disponíveis, a obesidade parece ter causas distintas. Além do desequilíbrio energético, os distúrbios no metabolismo de glicose e gorduras, os fatores genéticos e os processos psicológicos podem também contribuir para o desenvolvimento da obesidade.
Desequilíbrio energético
É de acordo geral que aproximadamente 500g de gordura comportam 3500calorias. Teoricamente, se ingerimos 500 calorias a mais do que o necessário por 7 dias (1 semana), totalizamos as 3500 calorias para acumularmos 500g excedentes de gordura em nosso corpo. Em um mês, isso causaria um aumento de peso de 2 kg.
O gasto de energia também é tão importante quanto a ingestão alimentar. Nos últimos anos, a vida nas regiões em desenvolvimento sofreu grandes alterações. As horas de trabalho foram diminuídas, foram instaladas máquinas em casas e fábricas, o transporte vem ficando mais fácil, as casas são mais bem aquecidas, e mesmo as atividades de lazer são mais sedentárias, graças aos controles remotos, escadas rolantes, elevadores, telefones celulares, etc. Isso reduziu acentuadamente as necessidades energéticas do organismo, mas os hábitos alimentares não acompanharam essa necessidade diminuída, pelo contrário, em qualquer classe social, hoje se come mais, devido a um maior poder aquisitivo da população para a compra de gêneros alimentícios.
Alterações metabólicas
Antigamente houve vária tentativas de relacionar a obesidade a um distúrbio funcional de uma ou mais glândulas como a hipófise ou a tireóide. No entanto, estes pacientes representam uma pequena porcentagem do número total de obesos, e sua doença responde ao tratamento hormonal.
Genética e Obesidade
As chances de um filho de pais obesos desenvolver a mesma doença são alarmantes. Basta um dos progenitores ser obeso para que o filho tenha 40% de chances de herdar o risco. Se os dois forem obesos, a cifra sobe para 80%. Quando a mãe é obesa, as possibilidades são ainda maiores, porque geralmente é a mãe que cuida da alimentação da família e, se ela gosta de pratos fartos e gordurosos, acaba transmitindo essa preferência para o filho.
Problemas emocionais da Obesidade
O obeso é objeto de grave discriminação. A baixa-estima pode levar a um círculo vicioso, causando depressão, superalimentação para o consolo, vergonha e falta de ânimo para a prática de atividades físicas, aumento de peso, rejeição social, e adicional baixa-estima.
Tratamento dietético da Obesidade
Não é possível estabelecer um tratamento dietoterápico rotineiro, uma vez que este é o principal responsável pelos grandes fracassos do tratamento de obesos. A experiência mostra que 2 obesos, da mesma idade, sexo e altura, com o mesmo peso e tratamento alimentar iguais, apresentam valores de perda de peso diferentes. O tratamento deve ser individualizado, e após a prescrição do programa alimentar é necessário observar atentamente a evolução do obeso para efetuar a adequação de acordo com a resposta obtida. De qualquer forma, alguns preceitos devem ser observados e seguidos para garantir um bom resultado no tratamento alimentar:
A alimentação deve ter um bom fracionamento, por exemplo: 3 refeições principais e 3 lanches intermediários. Isso evita que o indivíduo fique “beliscando” entre as refeições, já que irá consumir pequenos lanches; aumenta o trabalho intestinal e a absorção dos nutrientes, pois haverá estímulo constante do trato digestivo e aumenta o gasto de energia para o metabolismo dos alimentos. Além disso, pequenos volumes ingeridos várias vezes ao dia fazem com que um estômago dilatado volte aos poucos ao normal.
Deve-se mastigar pelo menos 30 vezes cada garfada. Esta ação proporciona uma melhor digestão e um melhor aproveitamento dos nutrientes, maior gasto de energia e uma menor ingestão alimentar, pois comendo devagar, uma menor quantidade de alimento fará com que o indivíduo se sinta saciado.
Deve-se ingerir muito líquido, principalmente água (2 a 3 litros) para a manutenção das funções normais do organismo; mas sempre no intervalo das refeições.
As fibras devem fazer parte da ingestão dietética diária, para assegurar um bom funcionamento intestinal e auxiliar na prevenção e tratamento de doenças como o aumento do colesterol. Alem disso, alimentos ricos em fibras tem digestão mais lenta e reduzem a sensação de fome. O ideal é ingerir 20 a 30g de fibras por dia.
Nunca se deve dormir logo após uma refeição, pois no sono nosso metabolismo diminui, causando um maior armazenamento dos nutrientes, sobretudo a gordura.
Não se deve abusar do uso de sal e condimentos, pois estes aumentam a necessidade pelos doces.
É necessário variar o máximo possível os alimentos nas refeições, para assegurar a ingestão de todos os nutrientes e para evitar a monotonia, responsável pelo abandono da dieta.
O exercício físico deve ser praticado frequentemente, pois ele causa um gasto de energia que contribui bastante no processo de perda de peso, e ainda alivia a ansiedade.
Qualquer pessoa que já tenha seguido dietas milagrosas sabe que não adianta passar uma semana inteira a pão e água, abacaxi e sopa, shakes, mingaus, etc. para conquistar a forma perdida. Da mesma maneira que vão embora, os quilos extras retornam céleres assim que a pessoa retoma seus antigos hábitos alimentares. A solução é fugir desses esquemas milagrosos e checar os erros e acertos na alimentação, ou seja, fazer uma reeducação alimentar. A gordura e os carboidratos simples, como o açúcar e doces, devem ser reduzidos o máximo possível. A alimentação deve ser baseada em carnes magras, carboidratos complexos (pães, arroz, tubérculos, legumes, etc.), verduras, leguminosas, frutas, leite desnatado, iogurte desnatado, queijos magros.